> VIOLÊNCIA EM SÃO PAULO: setembro 2007

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Abarrotadas, prisões de SP têm 42 mil a mais
Pelo menos 105 das 146 unidades do sistema penitenciário do Estado têm mais detentos do que deveriam comportar
Para resolver o déficit, seria necessário construir hoje cerca de 60 prisões; governo José Serra (PSDB) está construindo apenas duas
O sistema penitenciário do Estado de São Paulo, o maior do país, tem cerca de 42 mil detentos a mais do que comportam os seus 146 presídios.Documentos obtidos pela Folha revelam que pelo menos 105 dessas unidades prisionais estão superlotadas em até 163%, mais que o dobro da capacidade normal.Para resolver o problema hoje, seria necessário construir pelo menos 60 prisões (o modelo-padrão adotado pelo Estado tem 700 vagas). Segundo a reportagem apurou, o governo de José Serra (PSDB) está construindo apenas duas.Os números que comprovam a superlotação foram obtidos na base de dados da Secretaria da Administração Penitenciária -são 138.919 presos para 96.546 vagas.Desde maio, a Folha pergunta oficialmente à secretaria a situação de cada uma das 146 prisões, mas o secretário da pasta, Antônio Ferreira Pinto, se nega a fornecê-la. Alega "questões de segurança" .A justificativa da gestão Serra contraria a postura de todos os últimos quatro governos do Estado. Até mesmo na gestão de Luiz Antonio Fleury Filho -que governou São Paulo entre 1991 e 1994 e ficou marcado pelo massacre do Carandiru- os dados eram divulgados."Carandiru caipira"A pior situação está nos CDPs (Centros de Detenção Provisória). Todos 32 centros registram superlotação. O CDP, segundo a propaganda oficial da SAP, "oferece segurança para a população e dignidade para o preso" e tem, em média, 700 vagas por unidade.Um deles, o da Chácara Belém 2, na zona leste da capital, tem 768 vagas, mas abrigava no início do mês, segundo os registros oficiais, 2.020 internos. Ao lado do CDP de São Bernardo do Campo (ABC) -também com 768 vagas, mas com 1.988 detentos- o Chácara Belém 2 é a unidade em pior situação.Nesses centros, detentos são obrigados a fazer rodízio para dormir. Muitos são abrigados embaixo das camas; outros pernoitam no banheiro.O complexo Campinas-Hortolândia, no interior do Estado, é apelidado hoje no sistema de "Carandiru caipira". Abriga 9.273 internos em apenas sete unidades prisionais (penitenciárias, CDPs e um centro de progressão penitenciária).Pelas normas da própria SAP, as prisões deveriam operar com, no máximo, 5.440 detentos -ou seja, só nessa região, existe falta de 3.833 vagas.RessocializaçãoPara o professor Álvaro de Aquino e Silva Gullo, sociólogo da USP, o sistema penitenciário de São Paulo não cumpre o seu papel de ressocializar o preso. E mais: mantém um sistema de "tortura e repressão generalizada" que só agrava o problema social."O que é uma penitenciária? [É] Cumprir uma pena, depois ressocializar para reintegrar. Isso não acontece. A situação é pré-medieval. É tudo uma câmara de horrores."Gullo, que faz parte de um grupo que visita presídios, disse que um relatório com as condições precárias foi enviado a Serra, Ferreira Pinto, Ministério Público e Secretaria da Justiça. "Ninguém respondeu. Puseram na gaveta", disse.O presidente da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-SP, Mário de Oliveira Filho, disse que a situação é grave e que não há outra forma de solucionar o problema se não forem construídos mais presídios.




quinta-feira, 20 de setembro de 2007


Mais três mortos em chacina na zona oeste da capital
É a 11ª ocorrida na capital em 2007; duas vítimas já foram identificadas
Oswaldo Faustino, do estadão.com.br

SÃO PAULO - Três pessoas foram mortas em uma chacina ocorrida por volta das 20h50 de quarta-feira, 19, em um bar de uma favela no Jardim dos Pinheiros, região do Butantã. Segundo os policiais, duas foram identificadas: Jailson Santos da Silva, de 34 anos, e Maurício Soares Silva Costa, de 18. A terceira vítima é um jovem aparentando 20 anos.

Segundo a polícia, as vítimas conversavam no local quando uma motocicleta parou e seus dois ocupantes dispararam contra o estabelecimento. Os três morreram ao dar entrada no Hospital Universitário, no campus da USP.

Esta é a 11ª chacina ocorrida na capital em 2007, totalizando 44 mortos. Na Grande São Paulo, os mortos já chegam a 37, em nove ocorrências. A maior, até o momento aconteceu no último dia 15 de setembro, no município de Ribeirão Pires, onde foram mortas 8 pessoas e outras três ficaram feridas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Serra esconde números a violência em SP
SP viola lei ao omitir dados de violência, diz advogado
O governo do Estado de São Paulo transgride normas constitucionais ao não divulgar todos os dados referentes à violência e ao número de detentos em cada unidade prisional, afirmou ontem o advogado Mauricio Zanoide de Moraes, que é ex-presidente do IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais).Como a Folha revelou ontem, a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) e a SSP (Secretaria da Segurança Pública) vêm restringindo o acesso às informações. Desde o mês de maio, a SAP não divulga a lotação dos presídios do Estado sob a alegação de que se trata de uma norma de segurança. Já a Secretaria de Segurança Pública deixou de divulgar, em agosto, dados sobre violência por município ou por bairro da capital paulista."A regra constitucional é que todas as informações têm de ser públicas. Eventualmente, pode ser que a informação não seja repassada, mas é preciso que haja uma justificativa razoável", diz Moraes, professor de processo penal da Universidade de São Paulo.Segundo ainda o advogado, é improvável que a omissão de dados e de estatísticas sobre presídios possa ter algum efeito contra a violência.Dizendo desconhecer como são divulgados em São Paulo, José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, afirma considerar importante que a população tenha acesso aos dados, sobretudo sobre a criminalidade em cada cidade e região. "É importante que as pessoas estejam alertadas [sobre locais de risco]. Não vejo motivo para que essas informações não sejam divulgadas."Para o ex-ministro, "não é possível fazer um trabalho sério de segurança pública sem dados também sérios".O coronel José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e consultor da área na campanha do governador José Serra (PSDB), diz que não é política do governo esconder informações. "Ao contrário. Está sendo feita uma revisão dos dados para verificar se não houve lançamentos indevidos. Não há intenção de esconder nada, até porque os resultados são muito positivos", disse ele.
Fonte - Folha de São Paulo

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Elegeram Serra governador, agora nada de reclamar, chorem!


8 morrem na maior chacina do ano em SP
Vítimas estavam reunidas em um bar de Ribeirão Pires, no ABC paulista; três pessoas foram feridas e estão hospitalizadasJosé Francisco de Melo, 41, um dos mortos na chacina, havia ido ao local do crime apenas para instalar um aparelho de videokê

ANDRÉ CARAMANTEDA REPORTAGEM LOCAL
Acompanhado de três homens, dois dos quais usando "toucas ninja", um atirador com corte de cabelo "estilo militar" e que portava uma pistola prateada abriu fogo contra 15 pessoas que estavam em um bar de Ribeirão Pires, na região do ABC paulista, na noite de sábado, e atingiu 11 delas. Oito morreram.O crime ocorreu no bairro Quarta Divisão, perto da zona leste de São Paulo, e foi a maior chacina (caracterizada pelo assassinato de três ou mais pessoas num único atentado) ocorrida no Estado em 2007.Os outros três homens atingidos pelos atiradores não correm risco de morte. Mesmo feridos, eles correram e se esconderam com algumas mulheres na cozinha do bar.Para a polícia, existem pistas importantes no caso: a característica física dos dois atiradores que não usavam capuz, incluindo o do cabelo "estilo militar", e o fato de um dos assassinos ter gritado "confere" no momento da matança. Cápsulas de pistola 9 mm também foram achadas na cena do crime. Essa arma é de uso restrito das forças de segurança.Assim que o "confere" foi determinado, os atiradores se dirigiram às vítimas, todas já baleadas e caídas no chão, e, para ter certeza de que nenhuma delas sobreviveria, dispararam contra suas cabeças.Um dos oito mortos pelos quatro atiradores, José Francisco de Melo, 41, havia ido ao bar apenas para instalar um aparelho de videokê. Ele não conhecia os outros sete mortos.Além de Melo, também foram mortos Richard Denis Guarizzo, 36, Marcos Luiz da Silva, 23, Alessandro da Silva Nunes, 27, Edinei Paulo Gonçalves, 35, Denizar Marcelino Barbosa, 22, Reinaldo Teodoro de Souza, 40, e o adolescente Bruno Ramos Firmino, 16, que chegou a ser socorrido no Hospital Nardini, em Mauá (ABC). Souza era namorado da dona do bar onde o crime ocorreu.Para determinar as motivações da chacina, a polícia faz agora um perfil detalhado de cada uma das 15 pessoas que estavam no bar, principalmente dos oito mortos. A intenção é descobrir qual delas era o principal alvo dos assassinos.O delegado Augusto Farias, de Ribeirão Pires, diz acreditar que é muito cedo para determinar o que motivou a maior matança do ano no Estado, mas ele trabalha com duas hipóteses mais fortes: crime passional ou envolvimento com drogas.Assim que a Polícia Civil foi informada sobre a gravidade do ataque em Ribeirão Pires e que se tratava da maior chacina do ano, o governo paulista determinou que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) de São Paulo entrasse nas investigações. Se não fosse um caso de repercussão, só a polícia de Ribeirão atuaria.Entre janeiro e a noite de ontem, de acordo com levantamento da Folha, aconteceram 21 chacinas no Estado, com um saldo de 84 mortos e 18 feridos. Dos 21 casos, oito ocorreram na zona norte da capital.O número de chacinas segundo a Secretaria da Segurança Pública, que contabilizava até ontem os casos ocorridos na capital e Grande São Paulo, é menor: 18 casos, com 73 mortos e 12 feridos. A pasta não informou quantas chacinas foram esclarecidas pela polícia.

Empresária morre em tentativa de assalto
DO "AGORA"
Uma empresária de 32 anos foi assassinada por ladrões que tentaram roubá-la quando estava parada no seu carro em um semáforo em Santo André, na região metropolitana de São Paulo, na noite de sábado. Os bandidos conseguiram fugir.Aparecida Donda Gebara estava com o marido, Alex Gebara, 34, em seu Citröen C3 e aguardava o sinal abrir no cruzamento das ruas Javaés e Juquiás, por volta das 22h.O casal, que era sócio em uma corretora de seguros, voltava para casa após uma festa. O veículo era o primeiro da fila que aguardava o sinal verde. Segundo testemunhas, pelo menos dois homens tentaram roubar o veículo forçando a abertura das portas. Foi quando um deles teria disparado contra Aparecida, que estava ao volante.Em seguida, os criminosos fugiram e a vítima foi levada ainda com vida pelo marido ao hospital particular Brasil, na mesma cidade. A empresária, porém, não resistiu.O enterro foi realizado na tarde de ontem no cemitério da Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, também na região da Grande São Paulo.O sogro da empresária, Oswaldo Gebara, afirmou que nem ela nem o marido tentaram reagir ao assalto. "Meu filho e a Aparecida têm todos os bens segurados. Não havia motivo para não entregar o carro ou outros pertences para os criminosos. Foi pura maldade."Até o começo da noite de ontem, a Polícia Civil ainda não havia prendido nenhum suspeito pelo crime.Há menos de um mês, um assassinato em condições semelhantes causou revolta na cidade. No dia 24 de agosto, o estudante Renato Inácio Arias, 23, foi baleado por dois assaltantes quando trafegava de carro pela avenida Prestes Maia, uma das principais do município.DiademaUma adolescente de 13 anos foi vítima de uma bala perdida, anteontem à noite, na porta de casa, no bairro Jardim Inamar, em Diadema (ABC). Segundo a polícia, a jovem ouviu estrondos semelhantes ao ruído de bombinhas. Em seguida, foi atingida na região da cintura.Encaminhada para o Hospital Municipal de Diadema, ela foi submetida a uma cirurgia de emergência. Ontem à tarde, a vítima estava na ala de recuperação. A polícia não tem pistas do autor dos disparos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007


VOCÊ VOTOU NESSE FALASTRÃO? TEVE CORAGEM DE JOGAR SEU VOTO NO LIXO? AZAR DO POVO DE SP.Enquanto ele brinca de Rambo tupiniquim, a violência em SP aumenta.


Assalto ao lado do Teatro Municipal deixa dois feridos
Office-boy de 19 anos e vigia de 29 ficaram gravemente feridos; o primeiro havia reagido a uma tentativa de assalto
Durante os tiros, pessoas entraram em pânico e se deitaram no chão para se protegerem das balas; dois suspeitos foram presos


KLEBER TOMAZDA REPORTAGEM LOCAL

Um office-boy e um vigia foram baleados e feridos gravemente ontem à tarde por dois homens após o primeiro reagir a uma tentativa de assalto ao lado do Teatro Municipal, que fica a 300 metros da Prefeitura de São Paulo, no centro.Durante os disparos -pelo menos cinco, segundo testemunhas-, houve pânico e correria. O crime ocorreu por volta das 15h30, horário de grande movimentação na região. Várias pessoas, inclusive crianças, jogaram-se ao chão para se proteger dos tiros.Quem estava no local, próximo ao cruzamento das ruas Conselheiro Crispiniano e 24 de Maio, se assustou. "Foi uma correria geral. Teve gente que até deitou no chão", disse um camelô. "Foi muito rápido. Vi o vigia rodopiando e caindo. Ele não tinha nada a ver com a história, não reagiu", afirmou a operadora de telemarketing Aline Cardoso, 21.Um suspeito de envolvimento com o crime foi preso pela Guarda Civil Metropolitana com uma arma calibre 38. Testemunhas, porém, não o reconheceram como um dos autores do tiroteio. O outro criminoso continuava foragido até a conclusão desta edição.Bolsa com R$ 1 milDe acordo com a versão apresentada pela Polícia Civil, o office-boy Paulo Cesar Pereira de Almeida, 19, teria se recusado a dar uma bolsa com cerca de R$ 1 mil e foi baleado no pescoço, na altura da coluna. Ele corre risco de ficar paralítico.A outra vítima foi o vigia do teatro Claudio José Santos, 29, que estava desarmado no estacionamento do local e foi atingido na cabeça por uma bala perdida, segundo a polícia.Até ontem à noite, os dois baleados estavam internados na Santa Casa de Misericórdia, no centro. De acordo com o hospital, o office-boy seria operado e o vigia fora submetido a uma tomografia computadorizada.Segundo a Polícia Civil, Almeida foi atacado por Wesley Garcez Souza, 18, e por outro homem quando saía da Editora Nova Dimensão Jurídica, onde trabalha, na Conselheiro Crispiniano, ao lado do teatro.Um funcionário do teatro, que pediu para não ser identificado, disse acreditar em "acerto de contas" porque os supostos assaltantes "atiraram várias vezes no jovem e não levaram nada dele." A polícia não acredita nessa versão."Foi uma tentativa de assalto e, possivelmente, a vítima reagiu", disse a delegada Patrícia Fernandes, do 3º Distrito Policial, na Santa Ifigênia (centro de SP). Segundo a delegada, o preso confessou, em depoimento, a participação no crime.
Colaborou o "Agora"

segunda-feira, 3 de setembro de 2007


Em 20 dias, SP teve três mortes em assaltos em semáforos
Parar no farol virou motivo de pânico na capital; dica é não reagir à ação do ladrão e evitar dirigir sozinho
Felipe Grandin e Naiana Oscar, do Jornal da Tarde

Agência Estado
Parar nas faixas da esquerda tem maior riscoSÃO PAULO - A cada nova ocorrência, parar no farol vira motivo de pânico. Só nos últimos 20 dias, três pessoas morreram durante assaltos em semáforos na Grande São Paulo. Tamires Burlani, de 19 anos, foi assassinada com um tiro no rosto, em Diadema, no dia 13. No dia 24, o universitário Renato Inácio Arias, de 23 anos, foi baleado na cabeça em Santo André. Na última segunda-feira, um guarda-civil metropolitano matou com quatro tiros o ladrão que tentou assaltá-lo em um farol da Avenida Washington Luís, na zona sul da capital.

A Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Militar não sabem informar quantos crimes ocorrem por dia nos semáforos da região metropolitana. "É uma demonstração de que as autoridades ainda não perceberam a gravidade da situação", observa Guaracy Mingardi, pesquisador do Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente.
o pesquisador, as polícias deveriam ter estatísticas constantes (e integradas) sobre esses crimes e um planejamento para combatê-los. Mingardi diz que a burocracia do poder público faz com que as ações cheguem sempre tarde demais. "No caso dos crimes em semáforos, não é a pessoa que tem de se virar, é o Estado que deve resolver."

Especialistas em segurança, no entanto, acreditam que o cidadão tem um papel determinante na prevenção desse tipo de crime. Chegam a dizer que é a vítima quem escolhe o ladrão e não o contrário. "Os criminosos são estimulados pelas vítimas. Se a pessoa se comportar de forma segura ela não elimina o crime, mas transfere o risco para o vizinho", explica o consultor de segurança Roberto Zapotoczny.

O comportamento do motorista é importante por conta da forma como os ladrões atuam. Segundo o ex-secretário de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, os bandidos que roubam em semáforos só agem quando encontram um alvo fácil. "É um crime de oportunidade", diz. "Eles ficam à espreita, esperando uma vítima que ofereça mais ganhos e menos risco".